Em processo de Recuperação Judicial (RJ), o Guarani iniciou o pagamento dos primeiros acordos ligados à classe trabalhista. Desde julho, o Bugre chegou liquidar débitos com mais de 40 dos 276 funcionários e/ou ex-funcionários do clube.
O saldo remanescente na área trabalhista será quitado em até 36 meses, com parcelas mínimas de R$ 1 mil por credor. O valor pago nas primeiras parcelas foi de cerca de R$ 727 mil.
As dívidas cíveis e trabalhistas são as que entram na recuperação judicial. Os valores giravam em torno de R$ 60 milhões e, após a aprovação do plano, foram reduzidos para aproximadamente R$ 30 milhões (com 50% de deságio médio), divididos em até 12 anos para pagamento e estimativa de juros anuais de R$ 1,4 milhões.
Com o mecanismo na Justiça, o Guarani fez o pedido de transação e parcelamento dos débitos tributários federais, que giravam na faixa de R$ 200 milhões. Com os descontos aplicados na transação, o valor atualizado é de aproximadamente R$ 65 milhões para pagamento em 144 meses.
Na esfera tributária estadual, o valor é de R$ 208 mil, divididos em 60 parcelas, dos quais cinco já foram quitadas, e na esfera tributária municipal o clube tem pendências de R$ 53 milhões relativas ao IPTU de 2009 a 2016.
Com toda esta estruturação da dívida, o Guarani deverá diminuir seu passivo total e atualizado de cerca de R$ 310 milhões para próximo a R$ 100 milhões, parcelados em até 144 vezes, obtendo um desconto geral de 65%.
Vale ressaltar que o Guarani ainda tem posse garantida do estádio, clube social e Centro de Treinamento, além do que restar dos 14% do VGV (Valor Geral de Venda) a ser construído nas áreas que eram do clube e as parcelas ainda restantes acordados na venda judicial dos imóveis do clube em 2015.
O Guarani entrou com pedido de recuperação judicial em março do ano passado. A partir da aprovação da Justiça, a fase seguinte foi de elaboração do plano de pagamento e agora é o pagamento após a homologação.
O clube precisa honrar os compromissos firmados para não entrar em processo de falência. Se o Guarani não cumprir, serão penhoradas cotas televisivas e imóveis colocados pelo clube como garantia.
A recuperação judicial é uma tentativa de organizar os pagamentos dos débitos por meio de um plano. Trata-se também de um passo para preparar o clube para uma eventual SAF no futuro.
É uma saída para tentar estancar penhoras, mas também tem o outro lado: pode ser a "cartada final" para a sobrevivência da instituição se o plano não for cumprido. No Brasil, clubes como Cruzeiro, Figueirense, Chapecoense e Coritiba já aderiram ao mecanismo.
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